Seco dia molhado
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Cansei das mesmas violas, e falo comigo mesmo outra vez. A impertinência diária da terra abarrotada, ainda que choveu não passa de minutos, vejo antecipado a secura de tudo, essas flores que vejo. E não vieram por enquanto. A relva dura, as formas pudicas, uma contenção de lágrimas. Podia pensar em outro arranjo, deixar o tormento de imaginar. E a música que repete em algum desvario, a fala cantada dessa gente miúda que voa. E mais porque penso nas certezas do incerto, tomo-me e levo-me à cozinha, lugar de poucos riscos, achatados barulhos. Ter um aparador ali, que pudesse alcançar e ler as receitas poéticas de algum amável desconhecido, os desvarios de um pedaço de queijo e uma taça de vinho de Epicuro. Abriria páginas dormidas de Quincey e cairia sonolento. E logo a dispor-me ao trabalho fatigante que a fome alegra preparo todas as preparações para enfim, ...